8 de setembro de 2013

O arquivo "final" que nunca acaba




Esta imagem mostra um aspecto importante de nossa profissão: nosso trabalho não acaba quando enviamos o arquivo final. Esse arquivo irá voltar da edição, do DTP, da revisão e de quantas outras etapas existirem, para que aceitemos, rejeitemos ou comentemos as alterações feitas. Por isso, iremos receber e trabalhar no mesmo arquivo por algumas semanas, até que todas as alterações se acabem. O tradutor não pode simplesmente entregar seu texto e lavar as mãos deste ponto em diante.

Trabalhei há algum tempo com uma agência para a qual traduzi um documento e analisei as alterações que foram sugeridas pelo cliente final. A PM pediu que eu olhasse tanto o arquivo traduzido por mim quanto o de outro tradutor do mesmo projeto, pois ele estava de férias e não poderia fazer essa análise. É uma agência que paga pouco e que não se preocupa tanto com qualidade (com a qual trabalhei no início da carreira e que hoje não faz mais parte da minha lista de clientes), mas isso não significa que podemos fazer um trabalho ruim e deixar o cliente "na mão". Se o cliente tem perguntas, observações, comentários, correções, alterações ou qualquer outra coisa sobre nosso trabalho, nossa obrigação é analisá-las e respondê-las prontamente. O tradutor nesse caso deve ter feito a tradução e em seguida entrado de férias, mas mesmo estando de férias, ele devia essa atenção a seu cliente.

Esse foi o único projeto feito para essa agência, pois após a combinação valor baixo + tradutores ruins + arquivos finais de má qualidade, percebi que esse não era o cliente eu queria. Mas isso não fez com que eu não respondesse os e-mails ou não fizesse as alterações que foram pedidas. 

Outra agência, para que trabalho há um bom tempo e que prioriza muito a qualidade, tem um costume com o qual tive que me adaptar: assim que entrego o arquivo, a revisão é feita e a PM e eu passamos algumas horas no Skype discutindo alteração por alteração. Preciso justificar cada escolha com a qual a revisora não concordou e esclarecer se aceito ou rejeito cada uma. Isso leva algumas horas, as quais eu poderia utilizar em um projeto novo. Mas nos colocarmos à disposição dos clientes e deixá-los seguros de que eles poderão contar conosco para entregar um arquivo perfeito ao cliente final é o que faz com que eles voltem sempre.

Outro aspecto que a imagem ilustra: nós não escrevemos para nós mesmos, mas para o cliente. Por melhor que possamos considerar nossa tradução, ela deverá estar boa sob o ponto de vista do cliente e, para isso, precisamos nos adequar às exigências dele. Há casos em que o cliente, inclusive, exige o uso de termos que não seriam adequados, mas temos que acatar suas orientações.

Dessa forma, precisamos nos colocar disponíveis para que o arquivo agrade o cliente, mesmo que isso signifique alterá-lo inúmeras vezes. Não devemos nos surpreender se o cliente pedir explicações das escolhas feitas ou se várias versões do mesmo arquivo acabem sendo geradas, isso é sinal de que trabalhamos para pessoas que priorizam qualidade, que é o tipo de cliente que precisamos buscar sempre.


Setembro/2013