8 de maio de 2013

Tradução, versão e interpretação

Embora a palavra "tradução" seja bastante popular, este termo passou a ser usado de forma genérica  para designar qualquer processo de transposição de uma língua para outra, pois, tecnicamente,  existem, na verdade, três termos: "tradução", "versão" e "interpretação".


Tradução e Versão 


Considera-se "tradução" o processo de o tradutor transpor para sua própria língua (ou língua materna) um texto escrito em idioma estrangeiro. Assim, nós brasileiros, cuja língua materna é português, traduzimos de qualquer idioma (inglês, francês, espanhol) para português.

Quando precisamos passar um texto escrito em nossa língua materna (no caso, português) para outro idioma (inglês, francês, espanhol), fazemos uma versão.

Essa distinção é usada na língua portuguesa e nos meios acadêmico e profissional, mas há muitos que não gostam dela e, assim como a maioria das pessoas, chamam qualquer transposição escrita de uma língua para outra de tradução. 

O importante ao utilizar esses dois termos é considerar o idioma de partida e de chegada do texto. De forma resumida, para nós, brasileiros e falantes nativos de português, os processos são:
  • De inglês para português: tradução; e
  • De português para inglês: versão.

Interpretação 


Como já mencionado, os termos "tradução" e "versão" referem-se à linguagem escrita; teoricamente, traduzem-se e versam-se apenas textos escritos. Quando o trabalho envolve linguagem oral, chamamos de "interpretação". Se o que alguém fala em outro idioma precisa ser "traduzido" oralmente, realiza-se, na verdade, uma interpretação. Esta, por sua vez, será realizada por um intérprete, não por um tradutor. Contudo, "tradução" tornou-se um termo genérico que abrange tanto versão quanto interpretação também. 

Há, essencialmente, 2 tipos de interpretação:





1. Simultânea - O profissional busca reproduzir em outro idioma ("interpretar") o que é falado ao mesmo tempo em que se é falado. Para que essa interpretação seja feita, são necessários espaços e equipamentos específicos (cabines e aparelhos de áudio, entre outros). Esse tipo de interpretação é muito comum em conferências, quando os ouvintes utilizam fones de ouvido para escutarem o intérprete, e em entrevistas, quando o intérprete é ouvido por todos;






Ulisses Wehby (Tecla Sap)
2. Consecutiva - Em vez de o intérprete falar ao mesmo tempo que o orador (palestrante, entrevistado), na interpretação consecutiva o intérprete somente inicia sua fala depois que o orador terminar. Podem haver pequenas pausas para que o intérprete reproduza aos poucos o que foi falado, ou a interpretação pode ocorrer apenas quando o orador encerrar completamente. Coletivas de imprensa e entrevistas também são feitas dessa forma, mas essa é uma técnica bastante utilizada na área de negócios: reuniões e visitas de empresas entre falantes de idiomas distintos. Nestas últimas, o intérprete poderá tomar notas da fala do orador para que depois possa reproduzir o que foi dito (de forma mais concisa).

Muitos utilizam o nome "tradução simultânea", mas, para fins terminológicos, apresentamos as seguintes definições:
  • Se é "simultâneo", é interpretação, e não "tradução";
  • "Interpretação" é oral;
  • "Tradução" é escrita.
Uma boa fonte sobre a profissão de intérprete é o blog Tecla Sap, do Ulisses Wehby de Carvalho.


Símbolos


Há alguns símbolos, códigos e abreviaturas que são utilizados para oferecer as informações acima:
  • A abreviatura de "português" é PT, e do português brasileiro, PT-BR ou PT/BR;
  • A abreviatura de inglês é EN;
  • Utilizam-se os parênteses em ângulo ( < > ) como setas que representam a direção da tradução/interpretação. Se o  linguista apenas traduz do inglês (ou outro idioma) para o português, indica-se o par linguístico EN>PT-BR; e se, além de traduzir/interpretar, o profissional também versa/interpreta para o inglês, indica-se EN<>PT-BR (ou seja: de e para ambos os idiomas).

Maio/2013