26 de abril de 2013

Quanto custa uma tradução?

Preço pode ser um problema quando o cliente precisa de uma tradução pela primeira vez ou quando um tradutor sem muita experiência precisa fazer um orçamento, e o problema se deve, essencialmente, por dois motivos:

  1. O cliente não faz ideia de quando custa uma tradução; e
  2. Muitos tradutores iniciantes também não sabem e acabam sem saber quanto devem cobrar.

Aqueles que estão começando sempre apresentam um orçamento cheio de dúvidas a respeito do valor proposto. Está barato demais? Ou caro demais? E eles nunca sabem porque não se discute abertamente sobre valores. É o mesmo que perguntar a um conhecido quanto ele ganha. Ninguém se sente confortável em informar seu salário aos quatro ventos e, por consequência, em perguntar.

Os valores são os mais variados possíveis. Afinal, estamos falando de uma prestação de serviço, a qual pode ser feita por um iniciante, por um profissional há anos no mercado, por alguém que acha que sabe traduzir, mas não sabe, por alguém que realmente traduz bem, por um que tem alta produtividade, ou por outro que passa dias em um mesmo projeto por não saber otimizar seu tempo. Paga-se pela qualidade do trabalho, pela experiência e especialização do profissional, por todos os programas que ele irá utilizar, assim como pelas despesas que terá o tradutor durante seu trabalho. Afinal, é disso que vive o tradutor e aí assim que ele paga suas contas e tem sua renda.

É muito provável que uma tradução muito barata não seja nada boa. Não quer dizer que as caras sejam excelentes, é claro. A questão é que se um profissional sabe o quanto custa realizar seu trabalho e se dedica para oferecer um bom produto final, ele não terá como cobrar muito barato. Tradução muito barata é tradução rápida demais, muitas vezes feita com pouca — ou nenhuma — pesquisa e revisão, usando-se o Google Tradutor (ah... o Google Tradutor...) ou qualquer outro tradutor automático muito mais que se deveria. Só assim para conseguir ganhar algum dinheiro, caso contrário, o profissional estará pagando para trabalhar.

Mas e aí? Quanto custa uma tradução?

Há quem cobre R$ 0,05 por palavra, há quem cobre R$ 0,10, e há que já esteja na casa dos R$ 0,40. Há quem cobre mais e há quem cobre menos. Mas parece haver um consenso de qualquer coisa abaixo R$ 0,07 é trabalho escravo. Não que esse seja um bom valor, está muito inferior ao que poderia ser um piso, mas deve haver um limite de o que poderia ser considerado aceitável. No fim das contas, a necessidade de cada profissional é o que acaba ditando o valor mínimo a ser aceito.

Devemos chamar atenção para o fato de a remuneração de qualquer profissional estar vinculada à força da profissão e da classe. Aceitar tarifas baixas pode resolver um problema em curto prazo (falta de clientes melhores, falta de experiência, problemas financeiros), mas em longo prazo os efeitos são grandes e nocivos: cria-se um mercado que paga pouco porque aceita-se receber pouco, e prende o profissional a um círculo vicioso. Começar a aceitar valores baixos torna difícil negar propostas com valores baixos no futuro, o que deixa o tradutor distante de propostas e clientes que pagariam mais.

O Sindicato Nacional dos Tradutores – SINTRA tem uma tabela dos valores praticados no mercado e foi elaborada "a partir de consultas aos profissionais bem remunerados", tomando-se como base os valores pagos por clientes diretos, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Sua proposta é oferecer um parâmetro de remuneração para o tradutor profissional, ou seja: apresentar valores *médios* que sirvam de referência para que cada um calcule seus valores. Para uma parte dos profissionais no mercado, são preços altos que dificilmente se consegue praticar, mas é preciso saber que há uma parcela significativa de tradutores que se pautam pela tabela e recebem valores até superiores. 

É preciso ter claro que a remuneração do profissional está diretamente vinculada à maneira como ele se posiciona diante do mercado (especialização constante, bons clientes, qualidade, profissionalismo...) e, por isso, sugere-se ao profissional que, tendo postura e comportamento adequados, tome sim a tabela como referência e proponha valores próximos aos que são apresentados lá.

Confira aqui a tabela do SINTRA.



Abril/2013