15 de julho de 2013

Reajustar valores

Sempre haverá alguém... que faça mais barato!
Os preços sobem. A cesta básica está mais cara, transporte também. Anualmente, o governo reajusta o salário mínimo, já que a receita precisa acompanhar as despesas. 

Entretanto, nós, autônomos (ou freelances, como muitos insistem em se autodenominar), não recebemos salário e podemos ficar presos a uma renda que não corresponde à situação econômica em que o país se encontra.

Por esse motivo, é necessário estabelecer reajustes nos valores de nossos serviços. Assim que estabilizados no mercado, com clientela fixa e fiel, reajustar os preços anualmente (de preferência na mesma época do reajuste do salário mínimo) é muito importante.

Um novo cliente recebeu ontem um orçamento com valor já alterado. Não há como negar que me senti um pouco insegura, com medo de ele (ou todos os outros) considerar o valor alto demais. Foi a primeira proposta que enviei ao cliente e, se ele não gostasse do preço, poderia ser a única. Mas a satisfação de aumentar o preço e a proposta ser aprovada sem que o valor tenha sido questionado é indescritível! É a garantia de que nosso trabalho pode, sim, ser cada vez mais valorizado, já que é muito bem executado. Cliente novo com preço novo, satisfação garantida e trabalho ainda mais bem feito!

Alguns colegas dizem que se o cliente aceita, nós ainda estamos cobrando pouco. Por isso, a ideia é aumentar os preços de forma gradativa. Mas a questão não é simplesmente aumentar, mas que o valor acompanhe nosso desenvolvimento profissional. Nestes últimos 7 meses terminei 2 cursos de 12 e 8 semanas, respectivamente, comprei 3 novos dicionários (os quais já foram lidos e relidos), fui a 1 congresso internacional e a 2 encontros de tradução, trabalhei em um projeto com o qual aprendi muito, tive um feedback muito positivo do cliente responsável por esse projeto, conquistei 6 novos clientes, conheci colegas com os quais troquei muita informação e adquiri uma nova CAT tool. Não sou a mesma profissional de um ano atrás: sou melhor e mais experiente. E isso deve refletir no valor que cobro.

O ajuste foi de poucos centavos, mas a somatória desses poucos centavos a mais fazem grande diferença, principalmente quando pegamos um projeto grande. Em tempos de protestos no Brasil, vale uma referência às faixas de "não são só R$ 0,20".

Apresentar valor novo para novo cliente é mais fácil, já que ele não tem conhecimento do valor anterior. A insegurança continua existindo, mas é menor. Maior ela é quando enviamos um e-mail aos já clientes, comunicando o reajuste. Alguns clientes irão reclamar, e outros irão simplesmente responder informando que atualizaram seus bancos de dados com o novo valor.

Havendo uma clientela variada, podemos abandonar os clientes que não aceitarem os novos valores e substituí-los pelos que os aceitaram. E assim por diante, ano a ano. Cliente novo, preço novo. Até atingirmos nossa meta e termos apenas clientes que a aceitem, e, de preferência, sem reclamar.

É difícil chegar nesse ponto da carreira. Um simples reajuste de R$ 0,01 ou R$ 0,02 é o começo de tudo. Quanto ao medo da concorrência, "sempre haverá alguém que faça mais barato", assim é qualquer mercado. Mas isso pouco importa. O que importa é saber quanto vale o nosso próprio trabalho, feito com o mais alto rigor. Afinal, nosso preço deverá se justificar pela qualidade que o mais barato não consegue oferecer.


Julho/2013